1º Dia – 14 de novembro de 2012
Início: Museu Nacional do Mar – São Francisco
do Sul-SC
Fim:
Comunidade do Marujá – Ilha do Cardoso-SP
Distância
por terra: 150 Km Distância por água: 36
Km Distância total: 186 Km
Tempo total: 14:16:11
Tombos: 3 do Sálvio e 1 do Samuel
Trajeto: Travessia de barco para a Vila da Glória; Pedal
para Guaratuba-PR passando por Itapoá-SC; Travessia de balsa de Guaratuba-PR
para Matinhos-PR; Pedal até Paranaguá-PR passando por Pontal do Paraná-PR;
Travessia de barco para a Ilha do Superagui-PR; Pedal até a Barra do Ararapira divisa
de Paraná e São Paulo; Travessia de barco para a Ilha do Cardoso-SP; Pedal até
a comunidade do Marujá na Ilha do Cardoso-SP
Tal qual criança em véspera de aniversário, minha noite foi
recortada de cochilos e antes mesmo que o despertador berrasse às 05:45, já
estava de pé para iniciar a tão esperada jornada de São Chico a Aparecida.
Enquanto aguardávamos o mentor da viagem (Sálvio), eu e o
Samuel arrumávamos as bagagens nos alforges e cuidávamos dos últimos detalhes.
Tudo certo, tudo pronto, ainda deu tempo de derrubar duas
cuias de chimarrão com a minha vizinha Celi, uma olhada no Miguel e um beijo no
Gustavo e na Cíntia.
O céu estava nublado vez em quando caiam uns chuviscos e não
me animava a idéia de pedalar com chuva.
Percebi que o Samuel estava com peso excessivo quando
colocamos a bike na caçamba da caminhonete do Sálvio, pois foi preciso dois
para levantá-la. O peso da barraca que não usamos mais tarde foi um transtorno
em uma serra, mas isso eu conto depois.
Como era de se esperar o Sálvio atrasou 20 minutos, mas
tínhamos tempo até chegar no Museu do Mar onde embarcamos na lancha que nos
deixou do outro lado da Baía da Babitonga, não sem antes tirar muitas fotos e
filmar a despedida da cidade. A Nadine, esposa do Sálvio, compareceu e nos
desejou boa sorte.
No embarque, um conhecido do Sálvio nos disse “Vocês são
loucos”. Comentários relacionados com nossa sanidade mental como a deste
sujeito foram ouvidos muitas vezes antes, durante e serão ouvidos também depois
da viagem.
Estava ansioso para começar a pedalar pois sabia que tínhamos pela frente 815 Km e
cinco dias, mas não
queria pensar no todo e sim de pouco em pouco, de 25 em 25
km que foi como separei o trajeto.
A travessia foi rápida e em cerca de 30 minutos estávamos
desembarcando no trapiche da Vila da Glória.
Seguimos pela estrada em direção a Itapoá e já começamos a
sentir o efeito da chuva que caíra sem trégua nos dias anteriores, deixando a
areia muito pegajosa. Agora não dá mais pra voltar, e o jeito foi seguir em
frente.
Saímos da estrada de terra e entramos na nova rodovia que
chega ao Porto de Itapoá, com um bom acostamento e pouco trânsito.
O GPS deu alerta de bateria fraca, comprei 08 recarregáveis
da Sony 6000 MaH no Mercado Livre, dei carga total e as malditas duraram apenas
02 horas, sinto que fui enganado.
Chegando ao Porto de Itapoá, uma cena nos chamou a atenção,
um cavalo branco nos acompanhou galopando cerca de uns 300 metros por dentro do
cercado como se quisesse seguir junto na viagem.Claro que filmei né.
O chuvisqueiro que começou a cair, durou cerca de 5 minutos
e nem sequer molhou de verdade.
Mais uma vez baterias fracas. Mas dei carga total. O Samuel
prevendo outra parada em breve me emprestou duas pilhas dele que duraram mais
de 20 horas de uso. Vou comprar destas.
Chegando em Itapema do Norte fizemos uma pausa para o café.
Retomamos a estrada e logo adentramos no Paraná, mas não há
nenhuma placa identificando a divisa dos estados. Não fosse o GPS (viu Patrícia
Barcellos) não saberíamos. Pausa para a foto na ponte sobre o Rio Saiguaçú e
volta ao pedal.
Chegamos em Guaratuba e na travessia para Matinhos
conhecemos um caminhoneiro que mora em São Chico e por minha falha não anotei o
nome, que faz todos os dias o trajeto São Chico x Paranaguá.
Já em Matinhos aconteceu o primeiro e único acidente. O
Sálvio ao passar por uma família, não percebeu que uma moça mal intencionada
queria derrubá-lo e ao se aproximar foi golpeado pela barriga da moça e rolou
pelo acostamento junto com a moça. Nada além de arranhões e um baita susto. Recomendações
de cuidado daqui, desculpas de lá,
continuamos em frente.
Passei por um andarilho que carregava em seu carrinho uma
bandeirinha do Brasil e lembrei que tinha que comprar uma para levar para a
próxima viagem. Mal sabia eu que o Samuel iria parar, pedir, e ganhar a
bandeira, dizendo que estavamos indo para a Argentina. Ouviu do bondoso homem:
Representa bem nós lá hein.
Pelos meus cálculos daria tempo pra chegar em Paranaguá
antes das 14:30, horário da saída do barco para a Ilha do Superagui, porém a
medida em que avançávamos os pedais os ponteiros do relógio avançavam mais
depressa e minha cabeça agora era uma calculadora desenfreada fazendo mil
cálculos por segundo para ter certeza que não perderíamos o Megatron.
Como malucos, aumentamos o ritmo do pedal dos 23 para 31
km/h e durante quase 25 km andamos assim, com o medo de perder o barco.
O roteiro que tracei passou pela periferia de Paranaguá e
encurtou um bom caminho, mas não foi o suficiente e quando o relógio bateu às
14:30 estávamos distantes ainda uns 8 km do centro de onde saem os barcos.
Com a sensação de desânimo aliviamos o rodar dos pedais e
minha cabeça tentava encontrar outra saída para não comprometer a viagem. A
única que apareceu foi seguir até o local e pagar outro barco com valor bem
maior para nos levar.
Chegamos às 14:57 ao trapiche e com sensação de “vai que
tenha atrasado” perguntei de onde saia o barco para o Superagui e um barqueiro
respondeu: - É ali em frente naquele píer lá, ta lá o barco ainda, o Megatron.
Não estava perdido, o barco do César parece que nos
aguardava, pois foi só arrumas as bikes em cima do barco para ele partir.
Sem almoço, o Sálvio e o Samuel comeram uvas e bananas e eu
depois de pechinchar comprei duas laranjas por R$ 0,50 de um senhor que tem
comércio no Superagui e estava levando as compras para revendê-las no feriadão.
Durante a travessia, conversamos muito com o César, dono do
Megatron, sua esposa Selma e seu sobrinho Jailson. O Samuel jamais havia
navegado no mar e foi uma grande estréia.
Navegamos em águas tranqüilas até que chegamos em mar
aberto, onde as ondas começaram a ficar maiores fazendo com que o barco
balançasse bastante, acordando o Sálvio
de seu cochilo.
Na cabine de comando aprendemos sobre mar rasgado, navegar a
meia nau, de través entre outros termos.
Contamos do nosso plano de chegar ao Maruja no mesmo dia e o
César achou melhor que ficássemos em sua pousada para partir no dia seguinte,
porém já tínhamos reservada a pousada e poderíamos perder o barco para
Cananéia.
O César então nos convidou para um café e tentou contato via
rádio com a Raquel, sua filha, para ir preparando o lanche, porém a ilha estava
sem energia, e só soubemos ao desembarcar.
O barco vinha carregado de mercadorias dos moradores que ao
ouvirem as buzinadas já aguardavam no píer para a descarga. Entre eles estava a
Raquel.
Na casa do casal, tomamos um ótimo café com pão e um
maravilhoso doce de banana feito pela mãe do César.
Energia reestabelecida, conseguimos contato via rádio com a
Vila do Ararapira onde um barqueiro nos aguardaria para a travessia para a Ilha
do Cardoso, já no litoral de São Paulo.
Nos despedimos e seguimos pela fantástica trilha que leva da
vila até a praia em um trecho de aproximadamente 3,5 km em meio a mata
preservada passando por pequenas pontes improvisadas nos córregos que cortam a
trilha. Claro que filmei.
Chegando na beira da
praia, 20 km de pedal até chegar na Barra do Ararapira, onde o barqueiro
Admilson nos aguardava. Não fosse o farol do Samuel, estaríamos em uma roubada,
pois o Admilson já estava se aprontando para ir embora, visto que a noite caía
e a navegação até a Vila do Ararapira é perigosa segundo ele. Eram 19:43.
Bikes embarcadas, iniciamos a travessia para ??? Perguntei
se ele poderia nos deixar na Comunidade do Maruja, distante 15 km rio acima e
com a sua negativa, descobrimos que teríamos um pedal noturno forçado.
Desembarcamos na Ilha
do Cardoso-SP e talvez pela espera do Admilson, nem demoramos pra chegar, nos
cobrou R$ 15,00 por pessoa pela travessia. (o praticado é R$ 5,00). Era o
terceiro estado pedalado em um só dia.
Segundo o Admilson, para chegar na comunidade, era só seguir
pela beira da praia até um sobrado a beira mar todo iluminado que se enxergava
de longe. Ok Admílson, um dia eu volto.
Noite adentro e nem sequer uma lamparina ao longe. Guiados
ora pelo som do mar, ora pelas pegadas
de um PNI (pássaro não identificado) pedalamos na beira mar por um trecho bem
maior do que o desejado, talvez pela fome, pelo desejo de um banho, ou de
simplesmente chegar.
Mais uma vez o GPS nos salvou, ao apontar a entrada da trilha para a comunidade, que rapidamente
nos levou até a Pousada da Débora, já passava das 21:20.
Fechamos a hospedagem, é hora de encher a barriga, já que
não almoçamos e não podia mais ver barrinha de cereal na minha frente. Antes
fui verificar com o André a travessia para Cananéia na manhã seguinte.
Acertamos o preço de R$ 50,00 por pessoa para a viagem de 01:00 em sua
voadeira, partindo às 07:00 hs.
Agora sim podemos nos fartar com um belo PF no
restaurante da Valdete.
Voltei sozinho para a pousada para me adiantar no banho e me
perdi no caminho, logo me reencontrando. Os dois também se perderam no retorno.
A comunidade é movida por geradores que são desligados e os ventiladores e
luzes de emergência funcionam com baterias. O banho com aquecedor a gás foi
restaurador e antes da meia noite os 3 dormiam.
Combinado o horário do
despertar para às 06:00, Boa noite.
Ótimo relato do nosso 1ºdia de passeio Fábio.
ResponderExcluirBelo relato camaradas. Nós bikers somos tudo meio doido mesmo.....foi o que ouvi domingo, fiz um roteiro(https://www.facebook.com/media/set/?set=a.3978776625733.2140936.1170168960&type=1&l=4ef43a8806) pelo litoral, dando 151.01km, o problema é que foi solo. Aguardo o próximo relato. Quanto as pilhas, compra da Elgin, tb aprendi da pior maneira possível que as da sony me deixam na mão, tenho várias da Elgin, que a carga vai longe. Parabéns pela aventura.
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