sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Relato do 2º dia da Expedição São Chico x Aparecida


2º Dia - 15 de novembro de 2012

Início: Comunidade do Marujá – Ilha do Cardoso-SP
Fim: Itariri-SP

Distância por terra: 159 Km  Distância por água: 34 Km  Distância total: 193 Km
Tempo total:  15:19:44
Tombos: 3 do Samuel

Trajeto: Travessia de barco para a Ilha Comprida; Pedal a beira mar; Pedal até Itariri passando por Iguape, Reserva Ecológica de Juréia-Itatins (estrada do Despraiado) e Pedro de Toledo.


Durante a noite anterior o gotejar do chuveiro parecia um relógio de igreja dentro do quarto, mas como estávamos cansados , logo adormecemos.

Ainda eram 04:30 da madrugada e nosso camarada Samuel resolveu usar o banheiro, transformando o restante do sono em pequenos períodos de cochilo.

Quando não agüentava mais o barulho do Samuel, resolvi levantar e começar a arrumar as tralhas nos alforges para tomar café e partirmos.
Tomamos o café enquanto perguntava sobre a história da Débora e o que a fez parar naquele lugar. Ela disse que conheceu o Marujá há muitos anos em um Carnaval e jamais foi embora.

Depois de bem alimentado, me despedia da Débora, enquanto os dois arrumavam suas coisas. O Samuel com sua carga enrome sempre demorava um pouco mais a aprontar a arrumação na bike.

Deixei os dois terminando de arrumar e parti para o trapiche onde o André colocava a voadeira na água.


Eram 07:30 quando, com as bikes embarcadas, partimos para a parte sul da Ilha Comprida.

No caminho diversos barcos e lanchas vinham na direção oposta trazendo turistas para o feriado na ilha, cuja lotação é controlada e não pode passar das 1200 pessoas.

Avistamos golfinhos também, mas diferente da Babitonga eles não são muito chegados a fotografia.
Em 01:00 navegando pelo canal de Cananéia chegamos em terra firme de onde pudemos observar a cidade que dá nome ao canal.

Desembarcamos rapidamente, pois paramos onde a balsa atraca e é proibido para ali e o André seguiu para Cananéia.

Frete pago, R$ 50,00 por pessoa e hora de ir ao banheiro e se preparar para pedalar mais de 50 km pela beira da praia até o centro.

No caminho muitos carros cruzaram por nós em velocidade alta, considerando o local.
Uma placa me chamou  atenção a determinada altura, onde li “Propriedade da Paris Filmes SA" Imaginei que fosse troca de carbono.

Encontramos um quarteto pedalando, Rubens, Luiz, Nilton e Cláudio, que nos deram dicas sobre a região e indicaram o Hotel 3 Meninos em Itariri, já que considerávamos a possibilidade de não cumprir  o cronograma.

Mais a frente encontramos o Marcelo de Pirituba-SP que estava em viagem para Curitiba-PR.

Cruzamos diversos córregos que deságuam no mar mas nem sequer molham a corrente.
A areia da praia é ótima para pedalar, mesmo com a maré cheia.


Passamos por algumas tartarugas mortas que o Sálvio insistia em fotografar, uma gaivota deficiente (só com uma pata), alguns pescadores e finalmente chegamos à área urbana da Ilha Comprida (agora entendo o nome).
A praia estava completamente cheia devido ao feriado de 15 de novembro na quinta e o feriado da Consciência Negra na terça dia 20.

Pausa para as fotos, seguimos sentido Iguape onde chegamos rapidamente e com fome procuramos um local para almoçar.
Ilha Comprida
A cidade é incrivelmente parecida com São Chico e ao lado da igreja recarregamos as energias no Restaurante do Lau.



Partimos para mais um bom trecho de pedal, deixando a cidadezinha para trás e seguindo rumo a Miracatu.

Chegamos ao pé da serra de Itariri onde paramos para um lanche, no bar da Clarisse, que já roubou, matou e encontrou Jesus, segundo ela.

Tivemos de aguardar que um de seus filhos buscasse um isqueiro para acender o fogão e fritar alguns stakes pra nós. Enquanto esperávamos, ouvíamos suas desventuras pelo submundo do crime e das drogas. Ao fundo o som gospel fazia parecer que estávamos em um culto.

Religião à parte, ficamos bem mais tempo do que o esperado no local e partimos para a Estrada do Despraiado que corta a Reserva Ecológica da Juréia – Itatins.

O lugar é realmente lindo e protegido, possui duas casas, uma em cada extremidade do Parque com guardas que não permitem a permanência no Parque sem autorização.

O relevo agora já não era plano e subia e descia a medida em que avançávamos em direção a Pedro de Toledo.

Em alguma parte da estrada, depois de uma descida, ao olhar para trás não vi mais o Sálvio. Parei, esperei e nada, então decidi voltar um trecho de cerca de 1 km gritando e como resposta só o eco da minha voz. Será que ele desistiu? Não. Será que desmaiou e caiu em uma valeta? Não.
Um carro passou e disse que vinha uma bike e então resolvi continuar até encontrar o Samuel que conversava com um morador local. Depois de cerca de 3 minutos chegou o Sálvio que relatou que havia perdido o óculos e por isso voltou para buscar, mas não encontrou.

Depois de muito pedal chegamos ao rio que deveríamos atravessar e o Samuel (até hoje acho que foi de propósito) caiu tentando passar pedalando. Filmei é claro. Tiramos as sapatilhas e com água nas canelas cruzamos ás águas geladas.

Começava ali o pior trecho do dia onde sabíamos que a elevação passava dos 420 metros, estávamos a 90 mts e a 15 km do fim da estrada. Detalhe eram 19:15.

Depois de cruzarmos a ponte em um pequeno povoado, iniciamos a subida, e que subida. Escuro, só com a luz do farol do Samuel, em uma estrada com inclinação absurda, era praticamente impossível pedalar e então empurramos um bom trecho da subida até que depois de atingir 429 metros de elevação começamos a descer.

O Samuel só com o freio dianteiro funcionando tornava a descida mais lenta. Mesmo que os dois freios estivessem bons, só ele tinha uma boa luz na bike e ninguém queria despencar lá de cima.
São e salvos chegamos a uma mercearia próxima de Pedro de Toledo onde conhecemos um senhor simpático que nos indicou um hotel na cidade.


No caminho encontramos o Felipe, que pedalou conosco até o hotel que não tinha vagas e então nos guiou até o Hotel 3 Meninos (indicado pelo Nilton lá na Ilha Comprida) em Itariri, município vizinho a Peruíbe, nosso destino original.
Não conseguimos cumprir o objetivo e faltavam 18 km até lá, mas o cansaço e a fome fizeram com optássemos por pernoitar ali mesmo.
Agradecemos ao Felipe pela carona e acertada a hospedagem, fomos jantar. Ao sair, o Samuel me deixou trancado no quarto, tendo que pular a janela e dar a volta no hotel.

No trailer próximo a rodoviária comemos e como de costume, deixei os dois e fui com calafrios  tomar meu banho. A dona Aurora permitiu que as bikes dormissem no quarto ao lado que estava em reforma.
Parafernalhas ligadas nas tomadas para carregar, dormimos.


Combinado o horário do despertar para às 06:30, Boa noite.

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