2º Dia - 15 de novembro de 2012
Início: Comunidade do Marujá – Ilha do
Cardoso-SP
Fim: Itariri-SP
Distância por terra:
Tempo total: 15:19:44
Tombos: 3 do Samuel
Trajeto: Travessia de barco para a Ilha Comprida; Pedal a beira mar; Pedal até Itariri passando por Iguape, Reserva Ecológica de Juréia-Itatins (estrada do Despraiado) e Pedro de Toledo.
Durante a noite anterior o gotejar do chuveiro parecia um relógio de igreja dentro do quarto, mas como estávamos cansados , logo adormecemos.
Ainda eram 04:30 da madrugada e nosso camarada Samuel resolveu usar o banheiro, transformando o restante do sono em pequenos períodos de cochilo.
Quando não agüentava mais o barulho do Samuel, resolvi levantar e começar a arrumar as tralhas nos alforges para tomar café e partirmos.
Tomamos o café enquanto perguntava sobre a história da Débora e o que a fez parar naquele lugar. Ela disse que conheceu o Marujá há muitos anos em um Carnaval e jamais foi embora.
Depois de bem alimentado, me despedia da Débora, enquanto os dois arrumavam suas coisas. O Samuel com sua carga enrome sempre demorava um pouco mais a aprontar a arrumação na bike.
Depois de bem alimentado, me despedia da Débora, enquanto os dois arrumavam suas coisas. O Samuel com sua carga enrome sempre demorava um pouco mais a aprontar a arrumação na bike.
Deixei os dois terminando de arrumar e parti para o trapiche
onde o André colocava a voadeira na água.
Eram 07:30 quando, com as bikes embarcadas, partimos para a parte sul da Ilha Comprida.
No caminho diversos barcos e lanchas vinham na direção oposta trazendo turistas para o feriado na ilha, cuja lotação é controlada e não pode passar das 1200 pessoas.
Avistamos golfinhos também, mas diferente da Babitonga eles
não são muito chegados a fotografia.
Em 01:00 navegando pelo canal de Cananéia chegamos em terra
firme de onde pudemos observar a cidade que dá nome ao canal.
Desembarcamos rapidamente, pois paramos onde a balsa atraca
e é proibido para ali e o André seguiu para Cananéia.
Frete pago, R$ 50,00 por pessoa e hora de ir ao banheiro e
se preparar para pedalar mais de 50
km pela beira da praia até o centro.
No caminho muitos carros cruzaram por nós em velocidade alta,
considerando o local.
Uma placa me chamou
atenção a determinada altura, onde li “Propriedade da Paris Filmes
SA" Imaginei que fosse troca de carbono.
Encontramos um quarteto pedalando, Rubens, Luiz, Nilton e
Cláudio, que nos deram dicas sobre a região e indicaram o Hotel 3 Meninos em
Itariri, já que considerávamos a possibilidade de não cumprir o cronograma.
Cruzamos diversos córregos que deságuam no mar mas nem
sequer molham a corrente.
Passamos por algumas tartarugas mortas que o Sálvio insistia
em fotografar, uma gaivota deficiente (só com uma pata), alguns pescadores e
finalmente chegamos à área urbana da Ilha Comprida (agora entendo o nome).
A praia estava completamente cheia devido ao feriado de 15
de novembro na quinta e o feriado da Consciência Negra na terça dia 20.
Pausa para as fotos, seguimos sentido Iguape onde chegamos
rapidamente e com fome procuramos um local para almoçar.
Ilha Comprida |
A cidade é incrivelmente parecida com São Chico e ao lado da
igreja recarregamos as energias no Restaurante do Lau.
Partimos para mais um bom trecho de pedal, deixando a
cidadezinha para trás e seguindo rumo a Miracatu.
Chegamos ao pé da serra de Itariri onde paramos para um
lanche, no bar da Clarisse, que já roubou, matou e encontrou Jesus, segundo ela.
Tivemos de aguardar que um de seus filhos buscasse um
isqueiro para acender o fogão e fritar alguns stakes pra nós. Enquanto
esperávamos, ouvíamos suas desventuras pelo submundo do crime e das drogas. Ao
fundo o som gospel fazia parecer que estávamos em um culto.
Religião à parte, ficamos bem mais tempo do que o esperado no local e partimos para a Estrada do Despraiado que corta a Reserva Ecológica da Juréia – Itatins.
Religião à parte, ficamos bem mais tempo do que o esperado no local e partimos para a Estrada do Despraiado que corta a Reserva Ecológica da Juréia – Itatins.
O lugar é realmente lindo e protegido, possui duas casas,
uma em cada extremidade do Parque com guardas que não permitem a permanência no
Parque sem autorização.
O relevo agora já não era plano e subia e descia a medida em
que avançávamos em direção a Pedro de Toledo.
Em alguma parte da estrada, depois de uma descida, ao olhar para trás não vi mais o Sálvio. Parei, esperei e nada, então decidi voltar um trecho de cerca de1 km gritando e como resposta
só o eco da minha voz. Será que ele desistiu? Não. Será que desmaiou e caiu em
uma valeta? Não.
Em alguma parte da estrada, depois de uma descida, ao olhar para trás não vi mais o Sálvio. Parei, esperei e nada, então decidi voltar um trecho de cerca de
Um carro passou e disse que vinha uma bike e então resolvi
continuar até encontrar o Samuel que conversava com um morador local. Depois de
cerca de 3 minutos chegou o Sálvio que relatou que havia perdido o óculos e por
isso voltou para buscar, mas não encontrou.
Depois de muito pedal chegamos ao rio que deveríamos
atravessar e o Samuel (até hoje acho que foi de propósito) caiu tentando passar
pedalando. Filmei é claro. Tiramos as sapatilhas e com água nas canelas
cruzamos ás águas geladas.
Começava ali o pior trecho do dia onde sabíamos que a elevação passava dos420
metros , estávamos a 90 mts e a 15 km do fim da estrada.
Detalhe eram 19:15.
Começava ali o pior trecho do dia onde sabíamos que a elevação passava dos
Depois de cruzarmos a ponte em um pequeno povoado, iniciamos
a subida, e que subida. Escuro, só com a luz do farol do Samuel, em uma estrada
com inclinação absurda, era praticamente impossível pedalar e então empurramos
um bom trecho da subida até que depois de atingir 429 metros de elevação
começamos a descer.
O Samuel só com o freio dianteiro funcionando tornava a
descida mais lenta. Mesmo que os dois freios estivessem bons, só ele tinha uma
boa luz na bike e ninguém queria despencar lá de cima.
São e salvos chegamos a uma mercearia próxima de Pedro de
Toledo onde conhecemos um senhor simpático que nos indicou um hotel na cidade.
No caminho encontramos o Felipe, que pedalou conosco até o
hotel que não tinha vagas e então nos guiou até o Hotel 3 Meninos (indicado
pelo Nilton lá na Ilha Comprida) em Itariri, município vizinho a Peruíbe, nosso
destino original.
Não conseguimos cumprir o objetivo e faltavam 18 km até lá, mas o cansaço e
a fome fizeram com optássemos por pernoitar ali mesmo.
Agradecemos ao Felipe pela carona e acertada a hospedagem,
fomos jantar. Ao sair, o Samuel me deixou trancado no quarto, tendo que pular a
janela e dar a volta no hotel.
No trailer próximo a rodoviária comemos e como de costume,
deixei os dois e fui com calafrios tomar
meu banho. A dona Aurora permitiu que as bikes dormissem no quarto ao lado que
estava em reforma.
Muito dez o relato. Inspirador.
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