terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Relato do 5º Dia da Expedição São Chico x Aparecida


Relato Expedição São Chico x Aparecida

5º Dia - 18 de novembro de 2012

Início: Paraibúna-SP  
Fim: Aparecida-SP

Distância total: 105 km
Tempo total: 09:01:49

Pneu furado:  1 Fábio
Pneu estourado: 1 Samuel

Trajeto: Pedal de Paraibúna até Aparecida passando por Taubaté, Pindamonhangaba e Roseira.

Acordamos  às 06:30 mais tranqüilos, pois era o último trecho e a menor distância de todas as etapas. Tomamos um café acompanhados de um passarinho que bicava um pedaço de bolo na mesa.

Tudo certo para partir, saímos agasalhados para o pedal, pois a cidade encontra-se em meio a uma centena de represas, e isto faz com que a temperatura caia muito durante a noite.
Logo que começamos a subir em direção a rodovia o sol apareceu e já não era mais preciso o uso das jaquetas.

Depois de 24 km de sobe e desce e muitos trechos em obras, chegamos ao entroncamento com a Rodovia Carvalho Pinto, que nos levaria até a Via Dutra em Taubaté e de lá até Aparecida.




A Carvalho Pinto é uma rodovia muito boa de se pedalar em seu largo acostamento de asfalto liso.
O relevo é irregular e como já estávamos acostumados com isso, seguimos em um ritmo bom. Cruzamos alguns ciclistas e muitas motos que rasgavam a estrada em velocidade pouco acima da que pedalávamos.



No início da estrada passamos por alguns romeiros que caminhavam em direção a Aparecida, e olha que faltavam mais de 70 km até lá. Desejei boa romaria para alguns e seguimos nossa jornada.

Da estrada era possível observar enormes cupinzeiros em quase toda sua extensão.


O desgaste das subidas que não passavam de 60 metros de elevação, acompanhados pelo GPS, eram recompensados pelas descidas com o vento na fuça.
Em determinado momento acelerei para alcançar um ciclista de São José dos Campos que treinava para colher informações do que nos esperava pela frente, como se isso fosse mudar nosso destino. Já não era possível parar, mudar de rota ou sequer desistir, afinal restavam apenas 60 km e isso era logo ali.
Depois de um pequeno trecho pedalando ao seu lado ele se despediu e tomou um acesso à direita para voltar a sua cidade.
Chegando no pedágio, aproveitei para descansar, comer uma barrinha que já não aguentava mais o mesmo gosto, mas era o que tinha no momento, e tomar água, quente.
Enquanto esperava aproveitei para filmar um grupo de moto que emparelhou depois das cancelas e fez uma arrancada espetacular.


Em poucos minutos os dois chegaram e sem demoras seguimos em frente com o Sálvio na dianteira o Samuel e eu, que em menos de um km percebi que a traseira da bike dançava e constatei que meu Kenda semi slick havia furado depois de mais de 2000 km rodados.
Tamanha a vontade do Sálvio em cumprir a missão que não percebeu nossa parada e seguiu de cabeça baixa.
Logo que paramos, tratei de encontrar o responsável pelo furo e não é que achei. Era um arame com a espessura de um fio dental.


Chegaram a Nadine e a Amanda e acompanharam a troca da câmera por uma nova.
Seguiram adiante para encontrar o desgarrado e nos aguardariam em um posto na Dutra onde poderíamos almoçar.
Continuamos a girar os pedais sem muita pressa e antes de chegar a Taubaté encontramos com o Dada, Zé Hélio e Pelogia, que segundo eles, as idades somadas ultrapassam os 200. Tamanha disposição e vigor dos três para pedalar naquele sol explica o bom humor do trio taubateense.


Conversamos sobre São Chico e uma viagem que um deles fez até Nova Iorque, isso mesmo, Nova Iorque, aquela cidade famosa, no estado do Rio de Janeiro.
Paramos para trocar e-mails, registrar o encontro e partimos, não sem antes perguntar se ainda havia alguma subida casca grossa. “Não, é só a subida de Pinda e depois só plano”.

Pinda é Pindamonhagaba e só plano não é tão plano assim. Mais uma vez me perguntei por que saber do trajeto pra frente se terei que passar por ele de qualquer maneira. Acho que é pra ter a ilusão de que será mais tranquilo, e com isso relaxar, ou ao ouvir que é muito pesado, preparar meu psicológico para mais um grande desafio, isso é o que nos move.
As placas com indicação de distância, nos lembravam a todo momento que estávamos próximos do fim de nossa grande aventura e isso trazia um misto de emoções.



Encontramos mais uma vez as mulheres que nos informaram o que já suspeitávamos. O Sálvio não vai parar para almoçar.
Tendo a certeza de que o sol afetou seu julgamento, resolvemos parar em um posto na beira da estrada em Pinda para calibrar os pneus e almoçar, antes que o prego da fome batesse.
Não havia restaurante no posto e apenas calibramos os pneus, eu com minhas 45 lbs em cada pneu e o Samuel com suas exageradas 65 lbs em pneus bem desgastados pelo uso. Na linguagem popular, carecas.
A atendente disse que há 6 km dali havia um restaurante. Mais uma vez entendemos que as distâncias são, apesar de iguais numeralmente, muito diferentes fisicamente. Talvez as pessoas digam as distâncias menores do que realmente são para tentar nos poupar do sofrimento ou por falta de conhecimento mesmo, mas o fato é que depois que se está com fome, qualquer 100 metros a mais são tortura.
Depois de 11 km aproximadamente chegamos ao restaurante e o porteiro gentilmente se prontificou a cuidar das magrelas enquanto devorávamos um comercial com bife.


Com o lastro cheio era hora de enfrentar o último trecho da nossa divertida viagem.
Com o sol da 1 da tarde elevando a temperatura do asfalto o suficiente para fritar um ovo e comprometer meu raciocínio, pois quando o Samuel falou que em seu pneu dianteiro havia um caroço, não lembrei que deveria diminuir a pressão.
Cruzamos um senhora a cerca de 10 km de Aparecida caminhando sozinha em sua romaria. Devia ter idade avançada facilmente denunciada pelos passos lentos apoiados em um cajado. No rosto encoberto pelo lenço, a aparência cansada e o olhar persistente me renovaram as forças e me ajudaram muito nos últimos quilômetros.
6 km para chegar e a euforia deu lugar a apreensão quando ouvi o barulho característico de um pneu dianteiro com caroço estourando. Sim o pneu do Samuel com sua exagerada calibragem já era. No buraco resultante era possível atravessar o dedo indicador.



Sem qualquer chance de reparo, o que me veio a cabeça foi a imagem da senhora que há pouco havíamos cruzado, e de pronto falei pro Samuel. Vamos concluir a Expedição empurrando as bikes.





E assim foi até atravessarmos o viaduto que dá acesso ao Pórtico de Aparecida onde tiramos muitas fotos para registrar o fim de uma grande viagem, onde conhecemos muita gente e um pouco mais de cada um de nós.
Ainda foi possível conhecer o Eduardo Kenji, o Japa, mineiro que com um grupo de amigos realizou o Caminho da Fé, circuito de cicloturismo e pedestrianismo que conta com pontos de passagem e é realizado de acordo com a disponibilidade do viajante. (www.caminhodafe.com.br)

Comprei algumas lembranças, visitei a igreja, agradeci e agora é hora de arrumar as bikes no carro e voltar que segunda tenho que trabalhar.



Espero que tenham gostado dos relatos e das fotos e não percam em breve:

Expedição São Chico x Montevidéu

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